domingo, 22 de junho de 2014

UM DOMINGO PARA A MERITOCRACIA

Domingo de inverno, de temperatura agradável, o sol vitaminando a pele e o mar que não faz distinção entre os caiçaras que o admiram. Dia propício para a calmaria familiar. Em uma lanchonete um homem e sua filha, enquanto o pai lê seu jornal tomando uma xícara de café, a menina aniquila um aparente delicioso misto quente. O jornaleiro observa a sua banca de longe enquanto joga um carteado com os taxistas. Avisto uma moça morena de cabelos encaracolados, com uma echarpe azul, recolhendo as fezes de seu cachorro, dando uma aula de civilidade e fazendo refletir sobre o respeito pelo espaço do próximo. Saí de casa com o objetivo de comprar alguns ingredientes que faltavam para o almoço de Domingo, após andar alguns quarteirões eu estava no mercado. Apanhei uma cesta, procurei os ingredientes que eu precisava fui em direção ao caixa. Passei os produtos no caixa, a operadora do mesmo me deu bom dia, perguntou se eu pagaria em dinheiro ou cartão, me disse o valor e eu fiz o pagamento, enquanto esperava o meu troco, tive tempo suficiente para presenciar uma cena que me fez refletir. Na fila do mercado, atrás de mim havia uma mulher, trás da mulher havia um homem, com algumas latas de cerveja na mão, de calça e camisa sujas de tinta e um coturno, muito utilizado por operários da construção civil. O homem sujo de tinta, aos berros dizia que é um absurdo ter fila no mercado em pleno Domingo, o único dia que ele tinha para descansar, não poderia desperdiçar o seu tempo naquela fila. Ainda aos berros acrescentou que o Brasil está assim, uma porcaria, tem fila para tudo com essa porcaria de governo. Não demorou para que as pessoas que estavam atrás do homem sujo de tinta também começassem a espernear em um tom de reivindicação. Reivindicando o que? Mais operadores de caixa em um mercado privado? Mesmo que com o tempo de fila dentro dos conformes? O que tem a ver o governo com isso? O homem proferia de forma agressiva suas reivindicações para o segurança e para outros funcionários ao redor. Amparado pelos revoltados incoerentes que também reivindicavam, conseguiu formar um tumulto que desorganizava qualquer harmonia que pudesse existir entre pessoas civilizadas. Um funcionário tratou de abrir outro caixa, mesmo que de forma improvisada. Acredito que para evitar maiores atentados contra a paz dominical. Essa história toda me fez pensar, me faz relembrar e fazer analogias. O país está cheio de gente descontente com o governo, eu também me incluo nesse montante. Mas também está infestado de gente que reivindica errado, reivindicando coisas erradas para pessoas e instituições erradas. É muito mais fácil ganhar no berro do que entender como funciona um país e o que compete a quem. Muito mais fácil espernear ao invés de saber quais a competências de um vereador ou deputado ou qualquer outro cargo que represente os interesses do povo. Muito mais fácil espernear do que aprender sobre política, economia, legislação e etc. E assim segue o Brasil esperneando sem saber pelo que, sem saber para quem. Mas entender de tudo isso, para quem gosta de espernear pode ser uma tremenda decepção, um golpe muito duro, porque vai descobrir que tem muita coisa errada no governo, mas também vai descobrir que é o único responsável por boa parte do seu fracasso como pessoa. É difícil não ter a quem culpar pelos seus fracassos. É muito fácil culpar o governo pela fila do mercado. É natural que muitos brasileiros levem a vida esperneando, sem saber aonde se quer chegar, afinal vem dando certo. Não faz muito tempo que elegeram o presidente Lula, um esperneio em pessoa, com um idealismo sórdido e totalmente desconexo das ciências políticas relevantes, amparado por um monte de pessoas que querem chegar, mesmo não sabendo onde. Um presidente que chega a presidência, sem um plano de governo, devasta a economia e ainda esperneia para se manter no governo, culpando fantasmas (que ele mesmo inventou) por seus escândalos de corrupção e impotências intelectuais, com certeza da força para uma sociedade irracional, incoerente, que esperneia em busca de benefícios próprios inconstitucionais, algum assistencialismo, algum brinde, alguém que leve a culpa, que assuma a bronca, não importa. Precisamos urgentemente fiscalizar o governo sim, mas antes é preciso entender o que compete ao governo e o que compete a nós mesmos. Precisamos urgentemente descobrir o significado da palavra meritocracia. Precisamos tomar as rédeas de nossas vidas para então tomar as rédeas do nosso país.

domingo, 15 de junho de 2014

NOSSOS MARES

Meus mares correm para ti.
Atravessam oceanos para te encontrar.
Percorre distâncias necessárias para te consolar.
Faz esforço para unir a derme da minha pele a sua.
Nem que seja só em pensamento.
Seja por um ou mil momentos.
Faz eterno em mim os pedaços de ti.
Os momentos que vivi.
Suficientes para te desenhar com precisão.
Te admirar na solidão.
Para te desejar sem medidas.
Te sentir nos detalhes.
Te procurar em outras faces.
Percebo não encontrar.
Percebo não saber.
Percebo não entender.
Percebo não perceber.
O tamanho de ti em mim.
Percebo não conseguir mensurar.
O quanto levou de mim.
O quanto ficou de ti.
O que és para mim.
Eu tenho planos.
Planos para dividir.
Planos que atravessam oceanos.