sábado, 16 de agosto de 2014

ÀS VEZES A VIDA

Mergulho em sorriso pra fugir do choro.
Mergulho chorando e me afogo sorrindo.
Deixo de existir ainda existindo.
Horas não me encontro, não me procuro.
Horas não encontro sorriso pra me afogar.
Horas não existo, morto, sem sorriso a tempo.
Destroços de identidade se vão ao vendo.
Vivo até morto.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

MUNDOS

Seu mundo é perfeito pra você.
Seu mundo pode ser o seu quarto,
seu mundo pode ser a sua mente.
Dentro do seu mundo você é livre,
ninguém pode te impedir de produzir o subversivo.

Seu mundo particular ajuda a criar o diverso mundo coletivo.
Não abra mão do governo do seu mundo por nada nesse mundo!

terça-feira, 29 de julho de 2014

ARTE SOLITÁRIA

A arte me convida a recomeçar todos os dias, aproveitando pouca coisa do dia anterior. A minha arte sugere que eu me afaste de tudo o que sucumbe a expressão desse subversivo e grandioso projeto musical, e assim eu tenho feito.
Logo esse ciclo estará finalizado, logo saio dos estúdios solitários para os palcos que se parecem com a cruz de Cristo.

Base 1 - Arquivo B https://soundcloud.com/brunomacena/base-1-arquivo-b


Boa noite.

MENINA

Ninguém sabe pra onde ela vai,
ninguém sabe pra onde ela quer ir.
Se duvidar foi calada.
Ela procura abrigo.
Tem tanta esquina nessa madrugada.
Cansou de ser usada.
Talvez não acredite mais.
Em certo sentido, talvez não seja capaz.
Menina linda, com feridas abertas;
traumaticamente.
Que o amor aconteça e permaneça,
a ponto de salvar alguém.

domingo, 20 de julho de 2014

ESQUERDA SIM, COMUNISTA NUNCA

Em primeiro lugar, o que me impulsionou a escrever sobre esse assunto foram reflexões sobre o tamanho e as características do meu “corpo político”. O segundo motivo para esse texto é o confrontar de idéias e ideologias que ai estão como verdades absolutas. 
Se eu for me definir ideologicamente, posso definir assim: 
”Sou um esquerdista equilibrado que pensa com a sua própria cabeça e sabe dizer não a teoria quando a prática diz não a teoria”. Sim, eu sou de esquerda. Eu penso, eu sinto que o sistema deve ser criado em função do homem e não ao contrário. As lutas históricas da esquerda são as minhas lutas também. Não costumo confundir “oportunidade para todos” com “tudo de mãos beijadas para todos”. Existem sim pessoas sem oportunidade, que precisam de ajuda. Existem barreiras que resultam em uma desigualdade absurda, sim. Mas não podemos também negar a existência de parasitas, que esperam as soluções caírem do céu. A esquerda que eu defendo é a da conscientização humanista. É a esquerda que blinda os valores simples e indispensáveis para se viver bem e feliz, que aos poucos vão sendo sucumbidas pela luxuria, soberba etc. A esquerda do respeito ao próximo, da tolerância, da diversidade e da liberdade, inclusive a liberdade individual. Eu defendo a esquerda que sabe o significado da palavra “fascista” e não a usa sempre que quer ofender alguém de opinião contrária. Dentre tantas vertentes esquerdistas existe um paradoxo com uma linha muito tênue entre o moderno e o arcaico. Eu nego a esquerda ditatorial, da imposição, do terror e que muitas vezes serve de abrigo para vagabundos que não querem crescer, mas que lutam incessantemente para que os demais diminuam, para que também diminua o tamanho da sua irrelevância e incompetência. Eu nego veementemente a esquerda comunista. O comunismo é um pesadelo impossível de se realizar, por um simples motivo: Vivemos em comunidade, mas somos uma comunidade de unidades, e dentro de cada unidade existe um ser com personalidade própria. Nossas vontades são diferentes, nossas ambições são diferentes, nossas concepções de beleza são diferentes, nossas concepções de prosperidade são diferentes, nossos sonhos são diferentes, nossa disposição para conquistar o que sonhamos também é diferente. Não há como impor condutas iguais para pessoas diferentes. O comunismo visa destruir padrões que não sejam os padrões comunistas. To fora! Tenho muito em comum com muita gente, mas não sou igual a ninguém. 
Há quem diga que não existe esquerda sem comunismo, eu penso diferente. O que caracteriza a "esquerda" é, principalmente, a concepção de que as desigualdades são injustas e que é preciso removê-las, dando a todos as mesmas oportunidades e cobrando de todos as mesmas responsabilidades. O que se objetiva não é a igualdade de situações, mas a igualdade de chances a serem aproveitadas segundo a capacidade e a dedicação de cada um. Ser de esquerda é desejar promover, além da igualdade, a liberdade, a fraternidade, a justiça e a prosperidade para todos e não apenas para alguns grupos privilegiados.

domingo, 22 de junho de 2014

UM DOMINGO PARA A MERITOCRACIA

Domingo de inverno, de temperatura agradável, o sol vitaminando a pele e o mar que não faz distinção entre os caiçaras que o admiram. Dia propício para a calmaria familiar. Em uma lanchonete um homem e sua filha, enquanto o pai lê seu jornal tomando uma xícara de café, a menina aniquila um aparente delicioso misto quente. O jornaleiro observa a sua banca de longe enquanto joga um carteado com os taxistas. Avisto uma moça morena de cabelos encaracolados, com uma echarpe azul, recolhendo as fezes de seu cachorro, dando uma aula de civilidade e fazendo refletir sobre o respeito pelo espaço do próximo. Saí de casa com o objetivo de comprar alguns ingredientes que faltavam para o almoço de Domingo, após andar alguns quarteirões eu estava no mercado. Apanhei uma cesta, procurei os ingredientes que eu precisava fui em direção ao caixa. Passei os produtos no caixa, a operadora do mesmo me deu bom dia, perguntou se eu pagaria em dinheiro ou cartão, me disse o valor e eu fiz o pagamento, enquanto esperava o meu troco, tive tempo suficiente para presenciar uma cena que me fez refletir. Na fila do mercado, atrás de mim havia uma mulher, trás da mulher havia um homem, com algumas latas de cerveja na mão, de calça e camisa sujas de tinta e um coturno, muito utilizado por operários da construção civil. O homem sujo de tinta, aos berros dizia que é um absurdo ter fila no mercado em pleno Domingo, o único dia que ele tinha para descansar, não poderia desperdiçar o seu tempo naquela fila. Ainda aos berros acrescentou que o Brasil está assim, uma porcaria, tem fila para tudo com essa porcaria de governo. Não demorou para que as pessoas que estavam atrás do homem sujo de tinta também começassem a espernear em um tom de reivindicação. Reivindicando o que? Mais operadores de caixa em um mercado privado? Mesmo que com o tempo de fila dentro dos conformes? O que tem a ver o governo com isso? O homem proferia de forma agressiva suas reivindicações para o segurança e para outros funcionários ao redor. Amparado pelos revoltados incoerentes que também reivindicavam, conseguiu formar um tumulto que desorganizava qualquer harmonia que pudesse existir entre pessoas civilizadas. Um funcionário tratou de abrir outro caixa, mesmo que de forma improvisada. Acredito que para evitar maiores atentados contra a paz dominical. Essa história toda me fez pensar, me faz relembrar e fazer analogias. O país está cheio de gente descontente com o governo, eu também me incluo nesse montante. Mas também está infestado de gente que reivindica errado, reivindicando coisas erradas para pessoas e instituições erradas. É muito mais fácil ganhar no berro do que entender como funciona um país e o que compete a quem. Muito mais fácil espernear ao invés de saber quais a competências de um vereador ou deputado ou qualquer outro cargo que represente os interesses do povo. Muito mais fácil espernear do que aprender sobre política, economia, legislação e etc. E assim segue o Brasil esperneando sem saber pelo que, sem saber para quem. Mas entender de tudo isso, para quem gosta de espernear pode ser uma tremenda decepção, um golpe muito duro, porque vai descobrir que tem muita coisa errada no governo, mas também vai descobrir que é o único responsável por boa parte do seu fracasso como pessoa. É difícil não ter a quem culpar pelos seus fracassos. É muito fácil culpar o governo pela fila do mercado. É natural que muitos brasileiros levem a vida esperneando, sem saber aonde se quer chegar, afinal vem dando certo. Não faz muito tempo que elegeram o presidente Lula, um esperneio em pessoa, com um idealismo sórdido e totalmente desconexo das ciências políticas relevantes, amparado por um monte de pessoas que querem chegar, mesmo não sabendo onde. Um presidente que chega a presidência, sem um plano de governo, devasta a economia e ainda esperneia para se manter no governo, culpando fantasmas (que ele mesmo inventou) por seus escândalos de corrupção e impotências intelectuais, com certeza da força para uma sociedade irracional, incoerente, que esperneia em busca de benefícios próprios inconstitucionais, algum assistencialismo, algum brinde, alguém que leve a culpa, que assuma a bronca, não importa. Precisamos urgentemente fiscalizar o governo sim, mas antes é preciso entender o que compete ao governo e o que compete a nós mesmos. Precisamos urgentemente descobrir o significado da palavra meritocracia. Precisamos tomar as rédeas de nossas vidas para então tomar as rédeas do nosso país.

domingo, 15 de junho de 2014

NOSSOS MARES

Meus mares correm para ti.
Atravessam oceanos para te encontrar.
Percorre distâncias necessárias para te consolar.
Faz esforço para unir a derme da minha pele a sua.
Nem que seja só em pensamento.
Seja por um ou mil momentos.
Faz eterno em mim os pedaços de ti.
Os momentos que vivi.
Suficientes para te desenhar com precisão.
Te admirar na solidão.
Para te desejar sem medidas.
Te sentir nos detalhes.
Te procurar em outras faces.
Percebo não encontrar.
Percebo não saber.
Percebo não entender.
Percebo não perceber.
O tamanho de ti em mim.
Percebo não conseguir mensurar.
O quanto levou de mim.
O quanto ficou de ti.
O que és para mim.
Eu tenho planos.
Planos para dividir.
Planos que atravessam oceanos.